quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ora ora ora.. convido todos a ver esta surpresa. ihihihih Levou alguns dias a fazer, mas deu-me um gostinho especial. eheh Já vão perceber...

Sem ferir susceptibilidades, divirtam-se! E coMenTem!!

Escrever (tempo de viver)

Quando não sei o que fazer

Pergunto-me porque não escrever,

Até mesmo quando tudo parece solto

Tão desapegado para que me consigam entender.

São quatro da manhã

Todos estão a adormecer

Porque é que dentro de mim

Tudo me diz que não é isso que quero fazer?

Há quem lhe chame dom

Mas a meu ver nunca poderá ser visto nesse tom…

Na verdade não rimo por querer

Mas se assim escrevo é apenas para me exprimir

Retoque do que estou a sentir

A viver.

Apaga-se a luz.

Em silêncio continuo a ouvir a minha voz

Citar excertos da minha alma.

É como se os visualizasse tão perfeitamente

Que sem querer

Os estou a escrever.

Posso expressar de mil formas diferentes

O mesmo sentimento

A mesma situação,

Mas tudo isso não são se não

Meras coincidências do coração.

Acredito que me fiquem a conhecer um pouco melhor

Apesar de serem muitas as facetas

Que já não escondo de um lado pior

Menor.

Com o passar dos anos

Apercebi-me que mais do que o direito

Tenho o dever e o defeito

De mostrar o meu lado negro

O princípio de cada segredo

Que aceito.

Não desmorono desilusões, mas evito

Não apago ilusões mas acredito

Que assim vivo melhor comigo.

Por isso

Cada um constrói de mim a imagem que quer

Apesar de tantas vezes as moldar tão bem,

A não ser quando escrevo

Ou me amarro demasiado a alguém.

Há quem lhe chama dom

Mas a meu ver nunca poderá ser visto nesse tom…

E se tanto quero saber

Tanto quero esconder.

E se tanto me dou ao escrever

Tão pouco é o tempo de ser.

Tempo que é tempo, só o tempo de viver.

Este já tem pelo menos uns dois aninhos ou perto disso. Basicamente foi escrito num momento de revolta contra todas aquelas opiniões de que as minhas rimas são tão calculistas como eu. Bem, confesso que naquela altura foi algo que me feriu, me injuriou. Sinceramente, se me disserem o mesmo agora, acho que me seria completamente insípido e sem qualquer efeito em mim.

Vá se lá perceber... contradições!

P.S. - Sei que já te disse pessoalmente, mas para mais pessoas confusas preciso referir. O texto anterior "presságios", não se referia à situação que mencionas-te. De qualquer forma não há problema nenhum. Acontece a qualquer pessoa fazer uma interpretação errada de determinada escrita, e foi mesmo o caso. Apesar de tudo serem caixinhas, cada uma leva o seu tempo a ser encaixada :) chuack chuak Menita@

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Presságios

Guardei outra caixinha
No cofre do meu quarto de alma
Embalei aromas, hesitações, 3 mil prosas
Facas e espinhos
Um mar de rosas,
Colei e pintei os meus retratos
Despedidas, promessas, expedientes e contratos.

Hesito no melhor canto onde pousá-la
Pondero sempre como encaixá-la
Deportando nela tudo o quanto desejo prescindir
E ao abandoná-la
Procuro desertar as minhas culpas no seu ir.

Fecho a porta aos esquecidos para que não saiam
Melhor guardá-los enquanto se tornam eternos,
Apresso o passo em redor do meu pensamento
Noutro tempo teria sido mais ingénuo o meu rancor
Ao malícioso incitamento.

Sinto-me agradecida por tudo o que fizes-te
Saberei sempre reconhecê-lo,
As mágoas deixaram recordações
Contusões que deixaram de sê-lo.
Nas viagens continuo a sentir-te presente,
mais perto do que nunca
Quando chove falta-me sede de gente
Os ecos de mim própria que propagavas
Das coisas que detestava em mim
Que só tu evidenciavas.

Hoje o Sol acorda os meus olhos
Traz com ele a breve sensação de calor
A quimérica intuição de que torces por mim reconforta-me mais na alegria que na dor,
Na significativa necessidade de ser verdadeira
Desnorteio o meu propósito
Peno por ter outra que lá pôr.

Caixinhas, são tudo caixinhas...
Os guardiões que as selam falam em tesouros
Guardados com receio de povos vindouros
Mas nada mais são que derrotas minhas.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Teu



Segredados
Calafrios de amor
Espalhados pela casa e pela noite fora.
Não se perdem
Tatuam o meu corpo
Não me deixes ir embora.

Os risos da guitarra
São ecos testemunhos
De façanhas e proezas apaixonadas.
Enquanto o silêncio desvanece
Cego saudades do teu lume
Beijo os teus acordes em minhas mãos apaixonadas.

Outros dias, outras noites
Novas caras, outros tempos…
Na verdade todos vêm, todos vêem
Ninguém mais do que temos
Nada mais do que já vemos.

Aquando a solidão nos saquear
Não há mais medo que me agite,
Abrigo o calor dos teus lábios
Soalheiro,
Sempre soube onde me achar.

Ele é teu. Este é teu.
Só sabe ser teu o meu olhar.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Agradecimentos

Infelizmente 4 horas depois não estava de pé. Mas sim com dois olhos trambolhos e uma cabeça com o dobro do peso. E as 4 horas de sono, foram só depois daquelas que deveria ter dormido.


Queria aproveitar para agradecer o carinho das mensagem deixadas aqui no blog. Acreditem, mesmo que pontualmente, é sempre óptimo lê-las. Criticas construtivas também se aceitam, e agradeço ainda mais a quem já as fez. =)

Claro, agradeço também a todos aqueles que já passaram aqui ou têm passado, mas que não deixam palavras, mensagens, sorrisos ou criticas, pelo menos umas 300'as e tais vezes.

E o beijo maior de todos, para a razão do meu sorrir. ;)

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Se há coisa que realmente me magoa, é sentir falta de alguém..

Porventura, mais ainda me magoa sentir-me abandonada, seja por alguém, seja apenas porque determinada situação assim o determinou. Ser abandonada fere mais por ficar um sentimento permanente de rejeição e esse para além de me provocar semelhante vazio ao da ausência, morde-me sempre o ego, o orgulho, o respeito próprio. Adicionalmente, é um óptimo remédio para a frustração... para elevar índices, claro está. Afinal, pior do que aquilo que foi é tudo aquilo que poderia ter sido. A imaginação sempre foi mais dramática do que o imaginado.
A ocorrencia deste efeito pode ser inconsciente, mas a minha percepção é bem real.

Contudo, a minha face emocional é algo que me dói muito mais. Quer dizer, dói-me tê-la quando a tenho demais. Não quer dizer que a desvalorize nem tão pouco que seja uma pessoa simplesmente emocional. Bom, mas fere muito mais porque acima de tudo a vejo como a causa dos bons e maus momentos que posteriormente vou sentir falta ou quiçá, como causa das boas e más relações que posteriomente me farão sentir abandonada.

Na verdade, o que realmente me faz mesmo sentir magoada é magoar alguém. Até digo mais...Se pensar bem, ao magoar outra pessoa desperto automaticamente (automaticamente não é bem assim, que toda a reacção tem milhentos processos biopsicossociais a fazê-la emergir) todo um campo de energias. Não sou muito de fisico-quimicas (sou péssima, a propósito), mas não é necessário ser-se um génio para compreender que as emoções oriundas da mágoa que causei em outrém poderão na maioria das vezes ser responsáveis por um abandono, motivando a ausência de alguém.

Ai (suspiro)! O que efectivamente me magoa (e esta acreditem é pra valer), é ser tão pensante. Sim, pensante e no verdadeiro cariz da palavra. Consigo estar a pensar ao mesmo tempo nos acontecimentos, nos sentimentos, nas coisas ditas, nas coisas por dizer, na expressão corporal que observei, naquela que de certeza manifestei, nas causas, nas consequências, nas razões, nas variáveis, nos ses e nos zes, nos prováveis e improváveis, por aí fora e cruzar toda esta informaão para um ponto convergente. Digam... isto é problemático.

Por conseguinte, transcrevo do Dic. de Língua (ou será DA Língua?) Portuguesa..
Pensante caracteriza "alguém que pensa, que é capaz de pensar." (Boa, até aí acho que já sabia..) (...) e..."alguém que faz uso da razão."

AI! Afinal, sou emocional e faço uso da razão??! ihih ok..

Talvez sentir falta de alguém não magoe assim tanto nem tenha assim tanta importância...


P.S. -Não me condenem se por acaso as minhas palavras banais tiverem erros. São 2:55 da manhã e eu estarei de pé (ok, em postura bípede) daqui a cerca de 4 horas. Para além disso, daqui a 6 horas estarei a realizar intervenções com pessoas que precisam de mim meia emocional, meia racional.

Bom, talvez eles compreendam se eu lhes disser que a culpa é de ser (tão) pensante...

21 Jan 2009 - 2:57

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Grata pelas palavras não ditas.
Só elas deixam espaço à minha imaginação.


Grata pelas feridas gratuitas.
Só elas me permitem conhecer-me em dia não.

Grata pelas ditas, pelas não ditas, pelas poucas com sabor ou sem sabor,
Benditas!


Sentir-me grata abranda a inquietude. Faz-me até sentir um pouco de harmonia. Afinal, a gratidão não tem de ser necessáriamente um sentimento menor.

Grata por me admirares, por me gostares, por me olhares, por me procurares, por me chamares, por me falares, por me abraçares e agarrares. Grata por me respeitares, por de certa forma me amares, me aconselhares, me apalavrares com mais silêncio.

Grata por me ferires, por me mentires, por me fugires, por me pedires, por não sentires, por me despires, por me partires. Grata por te rires, por não me ouvires, por me franzires, por me cuspires, por ires.

Grata, Por seres. Grata, Por não seres.
Grata pelo que fizeste comigo, pelo nada que fizeste comigo.
Grata por gostar. Grata por existir.
Gratidão.





Primeiramente, claro que gosto deste grupo e claro que é sempre óptimo ver videos de boas músicas (gostos não se discutem). Não obstante esse aspecto, para todas aquelas pessoas que já me conhecem consideravelmente bem, a razão porque o partilho remete para a letra. O texto simples da música transmite uma importante mensagem com sentido para mim, com a qual me identifico.


Não me alargo mais, as palavras, as frases, o sentido, falarão por si. Esta é dedicada a todas as pessoas que gostam muito que mim mas que por diversos factores (muitos por minha responsabilidade) não têm, não querem, não conseguem ou já não se sentem motivadas para o demonstrar.


Sim, não é ser pretensiosa, mas sei que algumas.. ok, muitas pessoas o sentem e gostam de mim. E na verdade eu sinto-me de igual forma. Não as esqueci. Não as apaguei. Não foi de modo algum com intencionalidade criar cada uma das situações (porque todas são únicas). Evidentemente, também não será nenhum feito para me redimir, desculpar ou acusar. Cada uma das pessoas saberá enquadrar-se nas minhas palavras. =)


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Nunca saber









Arde-me o queixume
Arde-me o perfume.




Soubesse o corpo dúbio e ágil
Saber que em ruelas de amizade frágil
Saberia ir, no momento exacto de chegar...
Soubera de antemão cruzar-se ao som das minhas nuvens
Sabendo, não acreditou ter sido eu a cuidar delas
Sabido que de si à muito eu sabia,
muito mais do que vi a arder,
Soube deixar-me ir sem nunca me ter visto chover.

Tempo sábio e intemporal
Aferi nos seus conselhos o seu saber tão desigual,
Nos olhos emaranhou-se o meu paladar
Em palavras tão amargas do seu salgar.
Arde-me o esperado.
Arde-me o previsto..
Afoga-me a desistência.
Afoga-me que saiba disto.
Sabe em seu caminho lançar pedras
Sabia dantes gostar delas,
Souberam novos rumos separar
Saberão velhos fascínios se encontrar.
Arde-me o desígnio.
Arde-me o fascínio.
Morde-me o ultraje
Morde-me quem não age.
Soube sempre ser ninguém
Saberá sempre ser alguém
Nunca sabendo afinal o que é que tem.
15 Jan 2009 - 1:40 a.m.(texto) e 5:40 p.m.(foto)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Briga


Bom, devo dizer o quão é dificil viver momentos de sincera alegria com tanta pressão, responsabilidade, tarefas, trabalho.. melhor, produção de trabalho.. É complicado viver num momneto longo, longo longo momento feito de meses infindáveis, repletos de coisas para fazer, por fazer. Mesmo estando constantemente a faze-las, a terminar umas daqui, completar outras dalí, a piramide não pára de crescer. Isso torna tudo tão dificil, tão complicado. Aliando isso a pequenas barreiras que se interpõem no caminho, como já disse a não sei quem faringites, gripes, conjuntivites (raios prás "ites" ..inflamações, a quem é menos entendido), parece que cada passo em frente se tornam dois atrás.


No entanto, já te ouvia dize-lo à tanto, tanto, tanto tempo atrás... "Só te interessam as coisas mais dificeis. Só te cativa tudo aquilo que te dá luta. Só mostras a força perante as situações que te desafiam, que te empurram no sentido oposto."


É verdade que com tanto trabalho, com tanta pressão e ansiedade, descoro de mim, do meu interior. Descoro de mim, descoro de tudo de bom que me rodeia, complementa. Descoro dos meus bons sentimentos, dos meus bons momentos, daqueles que amo (todos eles). Descoro até dessas mesmas coisas, TANTAS, que tenho de fazer e em cada uma delas gostaria de me reflectir. Torna-se uma grande adversidade pôr em cada trabalho meu, 100% do que sou, fazê-lo com toda minha dedicação.

Bem, mas a verdade é que daqui a pouco, daqui a nada, já passou.

Devo dizer-te: andei 17 anos da minha vida a sonhar com ele. É verdade, 17 longos e agridoces anos a sonhar com ele, em imaginar como seria, pensando que só ele faria de mim alguém e me daria asas. Muitas vezes foi ele que me fez sobreviver, que me obrigou a viver. Nele vi a luz ao fim do túnel e se a ela chegasse, num pequeno passo alcançaria uma grande realização pessoal. Efectivamente, era e foi algo que sempre quis, mesmo julgando ser praticamente impossível, ser algo que nunca conseguiria, ser algo não concretizável.
Agora, olhando para trás, para o longo caminho já caminhado, para todas as pegadas já deixadas...
Sim, agora já começo a acreditar em ti. Eu gosto de perseguir as coisas impossíveis, de enfrentar as mais dificeis, de provar sempre a mim própria que consigo. É isso que me realiza. É o árduo que me torna forte.
Afinal de contas, era um sonho. Dele não podia descorar.

Bem, também costumas dizer "Tudo o que fazes, em que te empenhas, fica bem feito!".
Não podia acreditar em tudo né? ;)

Obrigado!

domingo, 11 de janeiro de 2009

Deixem-me cá rir

Deixa-me rir...

"Essa história não e tua. Falas da festa, do sol e do prazer, mas nunca aceitaste o convite.
tens medo de te dar e não é teu o que queres vender.

Deixa-me rir...

Tu nunca lambeste uma lágrima!
Desconheces os cambiantes do seu sabor,
nunca seguiste a sua pista do regaço à nascente
não me venhas falar de amor.


Pois é, pois é!
Há quem viva escondido a vida inteira... "

Sir. Jorge Palma
Das suas ironias, as minhas palavras, os meus pensamentos, os meus sorrisos personalizados.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sigilos Austeros

Decorrem séculos de uma vez,
Morrem tentativas de dizer, de entender porquês.
Ficaram silêncios, pararam no tempo
Esperam por ser.

Sem palavras, sem termos,
Sem promessas, sem barreiras.

Quis exprimir, quis arrancar fora do peito
Quis definir a tristeza, chorar o sorriso imperfeito.

Pudera o dia não ter vozes, o coração não ter sombras
Pudera o tempo poder não o ser
Guardar-se em momento sem ninguém sequer sonhar
Sem ninguém o procurar.
Se soubesse como transmitir as verdades essenciais como se fossem meramente banais,
Quem me dera saber!
Quem me dera nem saber
De onde chegou o pequeno utopista
Aquele que me soube romper.

E enquanto houver horizontes por caminhar
Emancipada será a dor que sinto
Padecendo em cada ocasião, em cada em que minto,
E enquanto houver mil pontes pra lá chegar
Isenta de saudade não estarei, não ficarei
De cada pedaço meu que desabitei.

Querer abrigar, faz-me lembrar
Querer esquecer, põe todas as minhas feridas a arder.
Fere-me a imagem que destapo
E ver-me,
Solta toda uma vontade de me prender
Algemar, sucumbir.

Sem palavras, quis dizer o que eu própria silenciei.
Doces palavras, açucaradas que eu amarguei.
Não amei, não odiei
Mas odiei amar todo o meu ódio
Amei odiar o meu amor sóbrio.

Quis não querer mais o calor e a febre quando abracei a incerteza
Que nesse instante, deixou de ser tão certa.
Quis tentar arrecadar a sensação de um coração a palpitar
Que quieto se manifestou
E parou de soar.
Abalei a fugida, apanhei o m.e.d.o
Quis chamar-me à superfície sem me fazer notar …
Mas agora de ti só sei, tudo o que tento em vão não aprisionar.

Não me importo, de todo que me importo
As lutas que travo, das guerras recomeçadas,
Não me combato.
As lutas que travamos, as guerras recomeçadas contra cada uma de nós,
De todo que tento deter
Se na verdade não continuas a precisar de mim, de me ter.

Não pretendo que saibas, apesar de haver ainda uma parte em mim tão triste
Tão escura e silenciadora…
Sempre que me toca o pensamento, esforço-me para não a sentir
Quando me desola o olhar, não posso deixar de a reprimir
Torna-me impiedosa, faz-me constringir.

Esse pedaço que em mim reside, que me habita mesmo quando não o consigo ouvir,
Faz de mim um cais despercebido.
Nele vivem as lágrimas e os sorrisos sinceros
Nele atracam os meus sigilos austeros
Que por agora, é sabido…
Perderam sentido.

[31-Dez-2008]

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sempre para sempre (Donna Maria)

Umas contradições em que pensar...

Bonito video, bom trabalho.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento,

mas não se dizem violentas as margens que o comprimem.”


Bertolt Brecht


Utilizei-a como primeira frase num trabalho que elaborei. Quando a li pela primeira vez, parei no tempo.

Nunca li frase mais sábia...
Contradições


Hoje eu quero agarrar o Mundo com notas de piano, poder vira-lo ao contrário sem dele me cercar, ser mais que tudo, não ser nada. Nele sou pele de preto e branco onde cada uma das suas infinitas cores me permite sentir, esperar, viver. Hoje, quero da essência tudo o que lhe dá significado, como luz que rodopia, como medo de quem mente, como dor dormente. Sem essência, a vida não passaria de mera coincidência.

Hoje quero abalar o Mundo, dar com ele voltas a direito, seguir em frente. Quero ser as notas de piano, tocar na minha mente. Sei que a vida de quem está só não só está deixada por viver como cansada de perder. Foi largada ao acaso, será solta ao morrer. Passo a passo, mão na mão, de boca em boca, corre o desejo inflamado, o amor que mal amado nos traz dissabores. Toquei na melodia que à alma me chega e olhando nos seus olhos vi solidão. Se ao menos eu soubesse que de mim se tratava… Se deixasse a mim própria ser piano ou ser Mundo, trocar 3 horas por um único e pequeno segundo. Se eu gritasse meramente a palavra silêncio, quem notaria a contradição? O princípio do viver sempre andou nessa mesma direcção.

Na verdade, tudo o que eu quero é deixar de querer, deixar de sentir que não me sinto, ver que dentro o vazio é lembrança que preenche a frio. Viver é tudo o que vi(vi), tudo o que vou (vi)ver. É perder de vista sem nunca esquecer, é acordar de noite e de dia adormecer. Viver, é o cruzamento de todas as contr(adições)que por sua vez se cruzam aos pensamentos, sentimentos e acções de cada um, que por si só são frequentemente antagónicos. Se todos nós constantemente agimos em desacordo com o que sentimos e/ou pensamos, como ousamos afirmar que não vivemos?
Hoje eu quero ser maior pelo tanto que não sei, ser respeitada por tudo o que não fiz, admirada pelas vezes em que errei. Desta vez…

… Vou perdoar quem magoei …

… Abraçar que rejeitei …

… Abandonar quem conquistei …

Desta vez… quero correr, até que tudo corra tudo bem.





[Naquele que não é definitivamente o meu registo próprio, mas cujo conteúdo se enquadra (em mim, ou no blog? ahah)]

6.Dez.2008
















“O corpo fala

aquilo que as palavras não dizem.”





(Novais, 2004)