terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Se há coisa que realmente me magoa, é sentir falta de alguém..

Porventura, mais ainda me magoa sentir-me abandonada, seja por alguém, seja apenas porque determinada situação assim o determinou. Ser abandonada fere mais por ficar um sentimento permanente de rejeição e esse para além de me provocar semelhante vazio ao da ausência, morde-me sempre o ego, o orgulho, o respeito próprio. Adicionalmente, é um óptimo remédio para a frustração... para elevar índices, claro está. Afinal, pior do que aquilo que foi é tudo aquilo que poderia ter sido. A imaginação sempre foi mais dramática do que o imaginado.
A ocorrencia deste efeito pode ser inconsciente, mas a minha percepção é bem real.

Contudo, a minha face emocional é algo que me dói muito mais. Quer dizer, dói-me tê-la quando a tenho demais. Não quer dizer que a desvalorize nem tão pouco que seja uma pessoa simplesmente emocional. Bom, mas fere muito mais porque acima de tudo a vejo como a causa dos bons e maus momentos que posteriormente vou sentir falta ou quiçá, como causa das boas e más relações que posteriomente me farão sentir abandonada.

Na verdade, o que realmente me faz mesmo sentir magoada é magoar alguém. Até digo mais...Se pensar bem, ao magoar outra pessoa desperto automaticamente (automaticamente não é bem assim, que toda a reacção tem milhentos processos biopsicossociais a fazê-la emergir) todo um campo de energias. Não sou muito de fisico-quimicas (sou péssima, a propósito), mas não é necessário ser-se um génio para compreender que as emoções oriundas da mágoa que causei em outrém poderão na maioria das vezes ser responsáveis por um abandono, motivando a ausência de alguém.

Ai (suspiro)! O que efectivamente me magoa (e esta acreditem é pra valer), é ser tão pensante. Sim, pensante e no verdadeiro cariz da palavra. Consigo estar a pensar ao mesmo tempo nos acontecimentos, nos sentimentos, nas coisas ditas, nas coisas por dizer, na expressão corporal que observei, naquela que de certeza manifestei, nas causas, nas consequências, nas razões, nas variáveis, nos ses e nos zes, nos prováveis e improváveis, por aí fora e cruzar toda esta informaão para um ponto convergente. Digam... isto é problemático.

Por conseguinte, transcrevo do Dic. de Língua (ou será DA Língua?) Portuguesa..
Pensante caracteriza "alguém que pensa, que é capaz de pensar." (Boa, até aí acho que já sabia..) (...) e..."alguém que faz uso da razão."

AI! Afinal, sou emocional e faço uso da razão??! ihih ok..

Talvez sentir falta de alguém não magoe assim tanto nem tenha assim tanta importância...


P.S. -Não me condenem se por acaso as minhas palavras banais tiverem erros. São 2:55 da manhã e eu estarei de pé (ok, em postura bípede) daqui a cerca de 4 horas. Para além disso, daqui a 6 horas estarei a realizar intervenções com pessoas que precisam de mim meia emocional, meia racional.

Bom, talvez eles compreendam se eu lhes disser que a culpa é de ser (tão) pensante...

21 Jan 2009 - 2:57

3 comentários:

  1. Ela canta, pobre ceifeira,
    Julgando-se feliz talvez;
    Canta, e ceifa, e a sua voz, cheia
    De alegre e anónima viuvez,

    Ondula como um canto de ave
    No ar limpo como um limiar,
    E há curvas no enredo suave
    Do som que ela tem a cantar.

    Ouvi-la alegra e entristece,
    Na sua voz há o campo e a lida,
    E canta como se tivesse
    Mais razões pra cantar que a vida.

    Ah, canta, canta sem razão!
    O que em mim sente stá pensando.
    Derrama no meu coração
    A tua incerta voz ondeando!

    Ah, poder ser tu, sendo eu!
    Ter a tua alegre inconsciência,
    E a consciência disso! Ó céu!
    Ó campo! Ó canção! A ciência

    Pesa tanto e a vida é tão breve!
    Entrai por mim dentro! Tornai
    Minha alma a vossa sombra leve!
    Depois, levando-me, passai!

    Fernando Pessoa (e quem melhor que ele..?)
    beijinho

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  2. Somos todos um misto de razão e emoção. Há pessoas em quem predomina um dos lados, pessoas que parecem nunca ter desenvolvido o primeiro e escondem o segundo... e algumas que combinam o melhor dos dois(e o pior também, afinal ser pensante e emotivo/a também traz muitos dissabores).

    Fique grata por pertencer à última categoria. Talvez sejam(os) aqueles que mais retiram do acto de viver.
    *

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  3. Bom lindinha conhecendo-te como conheço, posso confirmar que realmente pensas sempre em tudo e mais alguma coisa ao mesmo tempo e também que normalmente quando fazes uma pergunta já sabes (ou imaginas) a resposta..

    E és de facto uma pessoa emocional usando a razão..pelo menos na grande maioria das vezes..pois há sempre momentos em que uma das duas predomina por instantes..

    P.S: Quer queiras quer não os teus textos são lindos =P

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