segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Presságios

Guardei outra caixinha
No cofre do meu quarto de alma
Embalei aromas, hesitações, 3 mil prosas
Facas e espinhos
Um mar de rosas,
Colei e pintei os meus retratos
Despedidas, promessas, expedientes e contratos.

Hesito no melhor canto onde pousá-la
Pondero sempre como encaixá-la
Deportando nela tudo o quanto desejo prescindir
E ao abandoná-la
Procuro desertar as minhas culpas no seu ir.

Fecho a porta aos esquecidos para que não saiam
Melhor guardá-los enquanto se tornam eternos,
Apresso o passo em redor do meu pensamento
Noutro tempo teria sido mais ingénuo o meu rancor
Ao malícioso incitamento.

Sinto-me agradecida por tudo o que fizes-te
Saberei sempre reconhecê-lo,
As mágoas deixaram recordações
Contusões que deixaram de sê-lo.
Nas viagens continuo a sentir-te presente,
mais perto do que nunca
Quando chove falta-me sede de gente
Os ecos de mim própria que propagavas
Das coisas que detestava em mim
Que só tu evidenciavas.

Hoje o Sol acorda os meus olhos
Traz com ele a breve sensação de calor
A quimérica intuição de que torces por mim reconforta-me mais na alegria que na dor,
Na significativa necessidade de ser verdadeira
Desnorteio o meu propósito
Peno por ter outra que lá pôr.

Caixinhas, são tudo caixinhas...
Os guardiões que as selam falam em tesouros
Guardados com receio de povos vindouros
Mas nada mais são que derrotas minhas.

3 comentários:

  1. ["Guardei outra caixinha(..)"]

    Porque há coisas que nunca mudam... ainda bem =)

    Beijinho*

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  2. "Caixinhas, são tudo caixinhas"

    *sorriso enorme*

    Adoro-te.

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  3. Dois passos e meio atrás.

    28.Jan.2009

    Continuas com essa inquieta
    Pela garganta te indigna
    Na lembrança nunca queres lembrar
    Te lembras daquele andar.
    Há em ti uma presa esquecida
    Mas não ignorada de alguém.
    Esse deslumbrar de palavras a quem as traçaste
    Não são mais sorrisos ou lágrimas
    Não são mais verdadeiras partilhas
    Sentes falta, eu sei.
    Daquelas trocas de ocasiões, de saberes
    De outras coisas novas
    (…que a mim me estavam a fazer ficar para trás).

    Agora anseias voltar a outro lugar
    Esquecer a mágoa que está presa no teu leito
    No teu abraço, sempre que vais para a cama
    Tentas adormecer, tu pensas nela…
    Pensas no buraco que ficou dentro de ti,
    Tu pensas nela. Na dor que te prendeu e te largou
    Na paixão que (nunca) foi recíproca.

    Mas tu continuas a querer
    A querer a amizade, a querer o carinho
    A querer a certa cumplicidade
    (que me fugia e eu não entendi porque…)
    Agora eu sei. Não articulamos sobre isso
    Os nossos diálogos mudos fazem de mim perita
    Uma fantasiada miúda que (acha que) sabe tudo.
    Não quero intrigas, estou farta de brigas.
    Estou farta de meditar…naquela caixinha em especial
    Sei que ficou gravada em ti, para sempre.
    Em mim também.

    Não leves a mal a minha cobardia.
    Pega-me na mão, vamos sair daqui.
    Não quero mais (aquela caixinha).

    Adoro-te*

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